Como ser um líder de ImPacto

A sustentabilidade, o capitalismo consciente e a agenda ESG, tanto em nível conceitual como prático, podem ser considerados a nova bússola dos negócios na economia de impacto, aquela voltada a soluções para problemas sociais e ambientais, gerando inclusão, renda, bem-estar social, inovação e desenvolvimento econômico. O Brasil já possui, desde agosto de 2023, uma política sobre economia de impacto, com suas respectivas legislações e estruturas governamentais, sendo um dos países pioneiros nessa implementação. A Estratégia Nacional de Economia de Impacto (Enimpacto) está lastreada no Decreto 11.646/23 e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) acaba de instaurar o Simpacto, um sistema nacional destinado a promover o alinhamento das legislações de estados e municípios brasileiros com as diretrizes da Enimpacto.

Empreender, fazer negócios e operar nessa nova configuração de mercado exige não apenas o desenvolvimento de estratégias, produtos ou serviços, mas principalmente a capacitação em níveis elevados de líderes comprometidos com a ética e a responsabilidade sobre os impactos das decisões empresariais no ecossistema corporativo e na sociedade. 

Estas são as lideranças de impacto, profissionais com mindset e habilidades para abordar questões cruciais na sustentabilidade empresarial. São profissionais capazes de conciliar suas habilidades pessoais às competências técnicas que permitam obter os melhores resultados das equipes de colaboradores e de si mesmos na viabilização da sustentabilidade empresarial e no atingimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da agenda 2020-2030 da ONU.

Para compreender melhor como essas padronizações funcionam, vamos primeiro conhecer seus princípios. Acompanhe com a Trevisan para saber tudo!

A liderança de impacto na empresa e na sociedade

Segundo os fundadores do movimento Capitalismo Consciente, John Mackey e Raj Sisodia, em seu livro Capitalismo Consciente – Como libertar o espírito heroico dos negócios, todos passamos pelo menos algum tempo de nossas vidas sob algum nível de influência de lideranças. Daí ser correto afirmar que a qualidade das lideranças impacta diretamente a qualidade de vida das pessoas, das comunidades, dos países e do mundo, numa espécie de efeito cascata que pode levar ou não à sustentabilidade. 

A responsabilidade do líder de formar boas equipes, atingir as metas propostas e estar orientado aos resultados continua valendo. Mas o alinhamento dos negócios à agenda ESG e aos ODS imprimem novas dimensões a esse papel, como a conexão com as demandas sociais, com os valores do próprio negócio e com o compliance. Assim, os líderes de impacto olham para dentro do negócio a fim de realinhar estratégias  e redesenhar processos, ao mesmo tempo em que miram o entorno buscando formas de exercer impacto social e ambiental, ainda que por meio de ações que a princípio sejam simples e de baixo impacto. Mas sempre orientados à criação de valor para todos os stakeholders.

Parece natural – se não até mesmo óbvio – que as lideranças, para se transformarem em lideranças de impacto,  devam contribuir para a nova economia promovendo mudanças sistêmicas, adquirindo novas habilidades (soft skills) e contribuindo para o desenvolvimento do chamado capitalismo de stakeholder (aquele em que as organizações procuram criar valor a longo prazo, considerando as necessidades de todas as partes interessadas e a promoção do bem-estar social). Na prática, porém, ainda há um bom caminho a ser trilhado para chegar lá. 

Na pesquisa Panorama da Liderança 2023, realizada pela Amcham e Humanizadas, descobriu-se que apenas 27% dos entrevistados consideram a sustentabilidade e a responsabilidade social como um ponto forte da liderança de suas organizações (o item ficou em oitavo lugar numa lista de 10). Já as questões relacionadas à eficiência e produtividade ficaram em segundo lugar na lista de prioridades. Mas essa ordem de prioridades deve ser revista. Na definição do programa Liderança com ImPacto, do Pacto Global da ONU no Brasil, a verdadeira liderança ESG levanta questões importantes de sustentabilidade e atua para mobilizar o ecossistema de negócios em torno das soluções necessárias. 

A boa notícia é que é possível desenvolver as competências necessárias para se tornar uma liderança com impacto de alto nível. 

Desenvolvendo as habilidades básicas

Para começar, um bom líder com impacto precisa ter desenvolvidas as habilidades tradicionais de liderança: 

  • Capacidade de comunicação eficaz com a equipe
  • Inteligência emocional desenvolvida
  • Visão estratégica na tomada de decisões
  • Gestão eficiente do tempo
  • Segurança para delegar responsabilidades e tarefas
  • Habilidade para solução de conflitos
  • Empenho no crescimento e desenvolvimento da equipe.

Nem todo mundo nasce com facilidade para se comunicar, mas é possível desenvolver uma boa comunicação com treinamento adequado.  E soft skills como flexibilidade, autoconfiança, capacidade de lidar com pressão e de conciliação são habilidades desenvolvidas ao longo do tempo e do amadurecimento pessoal, com o auxílio de técnicas específicas para isso. Assim o desenvolvimento de visão estratégica é realizado a partir de diversos aprendizados, tais como análise de dados, formação de repertório e construção de cenários, por exemplo. O importante é saber que conquistar habilidades de liderança depende de aprendizado contínuo. 

Acrescentando skills

Para além das habilidades básicas para uma boa liderança, o líder com impacto precisa conhecer melhor a si mesmo e o ambiente que o rodeia. Em outras palavras, precisa desenvolver sua inteligência individual, sua inteligência relacional ou social e sua inteligência de negócio.

A inteligência individual está relacionada à capacidade de aprender, se adaptar e desenvolver o pensamento crítico/analítico e criativo. Do aprimoramento da inteligência individual depende a capacidade do líder de tomar decisões, resolver problemas e inovar.

A inteligência relacional ou social refere-se à capacidade de relacionamento com outras pessoas, de trabalhar de forma colaborativa e de formar parcerias produtivas. Ouvir e acolher as necessidades e expectativas individuais de cada membro da equipe e conciliar essas expectativas com os objetivos do trabalho são tarefas primordiais da liderança com impacto. 

Já a inteligência de negócio (também conhecida como Business Intelligence) envolve conhecimento técnico de ferramentas de coleta, análise e interpretação de dados, de metodologias ágeis e todo ferramental – especialmente tecnológico – que permita transformar dados em informações úteis para formar uma visão crítica que leve à tomada de decisões estratégicas.

Liderança com propósito

Todas estas habilidades conjugadas levam  ao exercício de uma liderança capaz de impactar positivamente os membros da equipe, os negócios da empresa e a sociedade em que está inserida, preparada para motivar as organizações e seus colaboradores para funcionarem em consonância com  a Economia de ImPacto. 

Estes são os líderes com propósito, ou seja, aqueles que refletem sobre suas ações, hábitos e comportamentos, alinhando sua atuação no sentido de motivar e engajar as equipes sob sua liderança a trabalharem de acordo com os valores da organização, com a agenda ESG e norteados pelos ODS. São os profissionais que sabem onde e de que forma seus propósitos pessoais e os de sua equipe se conectam com os propósitos da organização; têm clareza sobre o papel que devem desempenhar; são guiados por valores claros e sólidos e , sobretudo, são autênticos. 

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