Minha mãe perguntou: “Filho o que é compliance?”
Final de aula sempre é interessante, o intervalo então nem se fala, e outro dia destes um aluno me contou que sua mãe havia perguntado a ele o que era compliance, afinal muita gente está falando sobre isso, e ele respondeu de uma forma simples e objetiva: “Mãe, compliance é não atravessar fora da faixa de pedestres, é não andar pelo acostamento, é não estacionar na vaga de cadeirante ou de idoso, sem que você faça parte destes grupos, é não comprar CD pirata e é devolver o troco quando lhe dão a mais.”
Achei fantástica a forma e mais surpreendente a resposta dela: “Então quer dizer que temos que fazer a coisa certa, não é filho?”.
Será que realmente as pessoas entendem o que é estar e ser compliance? Não podemos ser meio éticos, não podemos ser meio honestos, a questão de ética segundo algumas pessoas, é aquilo que fazemos quando os outros estão vendo e caráter é aquilo que fazemos quando ninguém está vendo.
Agora por que é tão difícil implementar a gestão de compliance? Simplesmente porque as pessoas não entendem que devemos fazer o que é correto, sem desvios de conduta e processos. Legislação temos, mas sempre encontram uma forma de burlar, afinal existe a lei seca, mas a pessoas bebem, existe a legislação tributária, mas as pessoas sonegam, existe a legislação societária, mas os balanços são fraudados, existem peritos, mas os laudos são fraudados, entre outros.
É verdade que temos muita gente honesta, mas neste mundo em que vivemos, ser honesto é estar fora da curva, é quase ser um E.T., isso mesmo um extraterrestre.
Quando me falam sobre a Lei sobre Práticas de Corrupção no Exterior (termo em inglês: Foreign Corrupt Practices Act – FCPA) ou lei norte-americana sobre crimes de evasão de divisas, a tal lei de conformidade tributária para contas estrangeiras (termo em inglês: Foreign Account Tax Compliance Act – FATCA) ou Lei 12.846/12, conhecida como Lei Anticorrupção, Lei 12.683/12, a lei de prevenção à lavagem de dinheiro – vide os últimos escândalos do doleiro Alberto Youssef que movimentou milhões através de TED’s em instituições financeiras – entre outras, agora vem a pergunta, porque mesmo com tanta legislação, os problemas acontecem?
Implementar normas, procedimentos, metodologias, monitoramento, sistemas, comitês, código de conduta e ética, são algumas das funções da gestão de compliance, mas as pessoas devem e necessitam entender que as regras devem ser cumpridas, e devemos estar em compliance seja na vida pessoal, familiar ou na profissional, esta última a cada deslize causa danos que em certos casos são irreparáveis. Portanto #pensenisso
* Marcos Assi é professor e consultor da MASSI Consultoria – Prêmio Anita Garibaldi 2014, Prêmio Quality 2014, Prêmio Top of Business 2014 e Comendador Acadêmico com a Cruz do Mérito Acadêmico da Câmara Brasileira de Cultura, professor de MBA na Trevisan Escola de Negócios, Centro Paula Souza, entre outras, autor dos livros “Controles Internos e Cultura Organizacional”, “Gestão de Riscos com Controles Internos” e “Gestão de Compliance e seus desafios” pela Saint Paul Editora. www.massiconsultoria.com.br