Consultor de Controles Internos sim, oráculo não.
Durante as minhas ligeiras férias, fiz questão de ler o Livro Consultoria: uma opção de vida e Carreira, de Luiz Concistré, editora Campus e alguns ensinamentos foram relevantes, pois conhecimento e ensinamento são e serão sempre necessários para qualquer profissional.
Segundo Concistré, quando o consultor age como especialista, o contratante assume uma posição passiva, à espera das orientações do profissional contratado e da determinação deste sobre o que precisa ser feito e quando. Mas quando o consultor age como facilitador, o quadro muda radicalmente, a colaboração contratante-consultor torna-se fator critico do sucesso do projeto, para isso necessitamos de uma comunicação intensa entre cliente e consultor, devem ser tomadas em conjunto.
Afinal devemos reconhecer qual papel se esta exercendo naquele momento é identificar a expectativa do contratante quando a esse papel, se o contratante espera que você aja como especialista e sua ação for percebida como mão de obra, o desastre será inevitável.
Portanto, levando a necessidade de implementação de controles internos e conformidade, o consultor dentro do processo significa a necessidade constante e incessante de renegociação das expectativas e ofertas de todos os envolvidos, este processo faz parte do procedimento andragógico (é a arte ou ciência de orientar adultos a aprender) assim como a capacidade de dar e receber feedback.
Afinal nos projetos de implementação de controles internos e conformidade devemos buscar a mudança do comportamento através: da mudança na cultura; do comportamento das lideranças; da estrutura e dos processos; da eliminação do medo e incentivo à experimentação; das novas competências e incentivos para adquiri-las; e de novas regras.
Naturalmente será necessário lidar com resistências, nunca teremos a favor a unanimidade, afinal as resistências ao processo são naturais, e trata-las faz parte das habilidade de um consultor.
Devemos entender que o cliente enxerga a consultoria como o solucionador do problema, portanto conhecer os fatores ambientais, culturais e próprios do negócio relacionados com a demanda, objetividade, interpretação e observação, precisão e isenção, sensibilidade e especificidade, entender e ser entendido corretamente, respeito, sinceridade e empatia.
O consultor deve ter clareza de linguagem, devemos evitar uso de termos técnicos ou jargões em exagero, muitas vezes utilizamos siglas que as pessoas desconhecem, e assim não atingimos o nosso cliente.
É importante observar como muitas consultoria possuem, soluções prontas para o problema do outro, por isso devemos: diagnosticar; identificar as características do ambiente; devolver ao cliente a síntese do que foi levantado e detalhar as diretrizes de atuação da consultoria e quando possível adaptar a metodologia da consultoria às especificidades da empresa e do projeto, pois podemos construir a estratégia de atuação conforme o negócio do cliente.
Fica aqui a dica, afinal o projeto termina, o consultor vai embora e o cliente deve dar continuidade nos trabalhos, somente mudando o jeito de prestar os serviços, mudamos a maneira de como o cliente observa a consultoria, somos propagadores de conhecimentos. Somos o suporte de conhecimento que a empresa não possui naquele momento e um parceiro na solução imediata e revisores no futuro.
Somos consultores de negócios e não oráculos para consulta a qualquer momento para solução de problemas, pelo contrario, somos facilitadores das possíveis soluções dos problemas.
* Marcos Assi é professor de MBA Trevisan Escola de Negócios, autor dos livros “Controles Internos e Cultura Organizacional – como consolidar a confiança na gestão dos negócios” e “Gestão de Riscos com Controles Internos – Ferramentas, certificações e métodos para garantir a eficiência dos negócios” .