Como extrair o melhor de uma operação de venture capital

Para startups ou empresas que estão iniciando a fase de aceleração do crescimento, o capital de risco é uma maneira vantajosa de obter investimento sem se prender ao custo cobrado pelo sistema bancário. Isso porque os investidores que aportam os recursos necessários o fazem em troca de uma participação acionária no negócio o que, para eles, pode significar ganhos mais atrativos que os oferecidos pelas operações tradicionais do mercado de capitais. Estas operações são chamadas de venture capital (VC).

Ao se tornarem acionistas do negócio que estão financiando, esses investidores oferecem mais do que capital: levam para a empresa também seu know-how  e toda uma rede de contatos que vão auxiliar no desenvolvimento da empresa. Mas isso também significa que os empreendedores precisam aprender a conviver um novo sócio que nem sempre terá a mesma visão do negócio que a de seus fundadores. Por isso, antes de se candidatar à obtenção de venture capital, o empreendedor precisa analisar algumas questões importantes para o sucesso da operação e do empreendimento. 

Para entender tudo isto melhor, vamos conhecer, primeiro, um pouco mais sobre o venture capital.

Acompanhe com a Trevisan para entender melhor.  

Vários tipos de venture capital

Existem diversos tipos de venture capital, modelados para cada etapa do estágio desenvolvimento do negócio. Cada estágio reflete o nível de maturidade do negócio, seus riscos e potenciais de retorno. 

  1. Seed Capital (Capital Semente): Investimentos em empresas que ainda estão em estágio muito inicial, frequentemente antes do lançamento do produto ou serviço. O foco está no desenvolvimento da ideia, pesquisa de mercado e primeiros protótipos.
  2. Early Stage (Estágio Inicial): Envolve empresas que já lançaram um produto mínimo viável (MVP) e estão começando a ganhar tração no mercado, mas ainda não são totalmente estáveis financeiramente. O investimento é destinado a expandir operações, marketing e equipe.
  3. Growth Capital (Capital de Crescimento): Focado em empresas que já têm um histórico de sucesso e estão prontas para expandir. Esses investimentos são usados para aumentar a participação no mercado, expandir o portfólio ou entrar em novos mercados.
  4. Late Stage (Estágio Tardio): Capital de risco destinado a empresas que já têm um fluxo de caixa estável e estão buscando expansão adicional, seja para se preparar para uma aquisição, fusão ou oferta pública inicial (IPO). Os riscos são menores, mas o potencial de retorno para o investidor também é relativamente mais modesto.
  5. Bridge Financing (Financiamento de Ponte): Um tipo de investimento temporário destinado a ajudar uma empresa a cobrir necessidades financeiras imediatas, geralmente para preparar uma rodada maior de captação de recursos ou uma oferta pública.
  6. Mezzanine Financing: Combina características de dívida e capital próprio, geralmente oferecido a empresas já consolidadas que estão se preparando para um IPO ou um evento de liquidez maior.

Cada um desses tipos de venture capital varia em termos de risco, tamanho do investimento e objetivos estratégicos.

Riscos do venture capital

Não são apenas os investidores que correm riscos com operações de venture capital (por isso eles contam com ganhos maiores do que os das aplicações tradicionais). Os tomadores também precisam avaliar as situações que vão enfrentar e o custo benefício de lidar com cada uma delas, antes de optar por um financiamento através de venture capital. 

Elencamos aqui as mais prováveis. Confira:

Perda de Controle os investidores de venture capital geralmente exigem uma participação significativa na empresa, o que pode incluir assentos no conselho de administração e influência nas decisões estratégicas, além de seu envolvimento nas operações diárias, o que pode levar a conflitos com a gestão existente.

Pressão por Resultados de Curto Prazo – geralmente os investidores de venture capital buscam retornos substanciais em um prazo relativamente curto (de 3 a 7 anos). Isso pode levar a uma pressão para a tomada de decisões que maximizem os lucros rapidamente, em detrimento de estratégias de longo prazo. Essa pressão também pode se estender à aceleração da expansão do negócio, o que pode não ser sustentável e pode levar a problemas operacionais ou financeiros.

Diluição da Propriedade – para levantar capital significativo, os fundadores e acionistas originais podem ter de ceder uma parte substancial de sua participação acionária, resultando em menor controle e participação nos lucros futuros.

Custos Altos – a obtenção de venture capital pode envolver custos significativos, incluindo taxas de gestão e taxas de performance pagas aos gestores do fundo de VC. Sem falar nos custos jurídicos e contábeis envolvidos

Alterações na Estrutura da Empresa – os Investidores podem implementar reestruturações significativas, incluindo cortes de pessoal, vendas de ativos ou mudanças na estratégia de negócios. Essas alterações podem afetar a cultura da empresa, causando insatisfação entre os funcionários e potencialmente afetando a moral da equipe.

Conflitos de Interesses – os objetivos dos investidores podem não estar totalmente alinhados com os objetivos dos fundadores ou gestores da empresa o que tem potencial de criar conflitos sobre a direção estratégica da empresa.

Complexidade e Tempo – a captação de recursos de venture capital pode ser um processo demorado, que envolve diligência prévia, negociações complexas e documentação legal extensiva, um processo que, além de complexo, vai consumir tempo da equipe de gestão.

Potencial de Falta de Flexibilidade – os acordos com investidores podem incluir cláusulas restritivas que limitam a flexibilidade da empresa para tomar certas decisões sem necessitar de sua aprovação prévia.

Saída dos Investidores – os investidores esperam um evento de liquidez (como uma venda ou IPO) dentro de um prazo específico, o que pode não ser a melhor opção para a empresa no momento. A preparação para uma venda ou IPO pode distrair a equipe de gestão e afetar as operações diárias.

Avaliar essas possibilidades é essencial para entender completamente o impacto do venture capital na empresa. É importante garantir que os benefícios do investimento superem as desvantagens e que haja um alinhamento claro entre os objetivos da empresa e os dos investidores.

Transformar riscos em oportunidades

Reduzir os riscos de obter investimento por venture capital envolve várias estratégias para alinhar os interesses dos empreendedores e os dos investidores. 

Algumas formas de mitigar esses riscos passam por:

Negociar termos do investimento que limitem a interferência dos investidores nas operações diárias, estabelecendo claramente quais decisões exigem aprovação dos investidores e quais não. Incluir nessa negociação cláusulas que detalhem as condições sob as quais os investidores podem sair do investimento, para evitar pressões inesperadas para venda ou IPO.

Selecionar os investidores certos, que compartilhem a visão e os objetivos de longo prazo da empresa, garantindo que eles entendam e apoiem a estratégia da empresa. É recomendável dar preferência a investidores com um histórico comprovado de apoio às empresas em que investem, em vez de focar apenas no retorno financeiro.

Manter comunicação aberta e transparente por meio de relatórios regulares e detalhados sobre o desempenho da empresa. Isso pode ajudar a construir confiança e reduzir a necessidade de intervenção dos investidores. Também é importante manter uma agenda regular de reuniões estratégicas para discutir planos e obter feedback dos investidores de maneira organizada.

Ter um planejamento financeiro adequado que garanta a utilização do capital de maneira eficiente e estratégica, focando em iniciativas que gerarão o maior retorno possível; e que mantenha reservas financeiras para lidar com imprevistos e evitar a necessidade de mais capital no curto prazo.

Proteger a cultura organizacional, comunicando para os funcionários claramente as mudanças e o que elas significam para a empresa. É estratégico investir em programas de retenção de talentos para manter os funcionários motivados e engajados.

Consultoria e assessoria profissional nas áreas jurídica e financeira pode ajudar a negociar melhores termos e evitar armadilhas comuns. Também é útil contar com mentoria de empresários que já passaram por processos similares e podem oferecer insights valiosos.

Acordos de governança são imprescindíveis para definir com clareza os papéis e responsabilidades dos investidores e da equipe de gestão. Comitês de governança que incluem representantes da gestão e dos investidores para facilitam a tomada de decisões, bem como permitem equilibrar a pressão por resultados de curto prazo com a necessidade de estratégias de longo prazo que sustentem o crescimento e a sustentabilidade da empresa.

Preparação para eventos de liquidez, como venda ou IPO, requer um plano claro que esteja alinhado com os objetivos de longo prazo da empresa. Essa preparação não deve distrair a equipe de gestão das operações diárias.

Ao adotar essas estratégias, é possível reduzir significativamente os riscos associados à obtenção de venture capital, garantindo que o financiamento recebido contribua positivamente para o crescimento e a sustentabilidade da empresa.

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