Todos Temos que Lucrar
Dalton Viesti *
De vez em quando surge discussão no mercado sobre a questão do lucro de uma empresa, qual o patamar ideal, ou como ele deve se manifestar de forma justa dentro da organização. Obviamente, todos são unânimes em reconhecer que uma empresa precisa obtê-lo para sobreviver de qualquer maneira. O ponto não é esse.
Porém, a semântica “lucro” tem trazido hoje uma conotação mais discutível do que nos áureos tempos do capitalismo. Por isso, algumas organizações evitam a palavra ou até mesmo nem citam publicamente.
Uma ONG (Organização Não Governamental) deve ou não ter lucro? Neste caso, de jeito nenhum – isso seria o que o gestor responderia. Mas como chamamos então aquele superávit adicional que colocamos no custo para pagarmos as despesas, mesmo que o ganho real (após todos os gastos cobertos) seja totalmente consumido e o resultado fica igual a zero? Lucro é o nome técnico para este superávit.
Porém, a palavra “sem fins lucrativos” significa sem lucro para os sócios, mas não é que o negócio em si não gere lucro, pois é ele que agrega capital e paga os investimentos em atualização das empresas.
Sem investimentos, a empresa não conseguirá ampliar seus negócios, contratar mais profissionais, gerar mais renda. Ou seja, sem o lucro, não tem como uma organização manter este círculo virtuoso, que beneficia não apenas os sócios, mas sim toda a sociedade.
As empresas sem fins lucrativos também são muito beneficiadas por isso. Se pensarmos que elas ganham mais dinheiro e, com isso, passam a atuar com mais força em suas causas, é válido, não?
A empresa – os sócios e diretores dela, principalmente – tem que entender que lucrar é ótimo para qualquer instituição. Ter lucro no final do mês, do ano, não é sinônimo que apenas os sócios e diretores terão vantagens. Este retorno financeiro para empresa terá impacto em toda a esfera organizacional, já que os negócios poderão ampliar.
Lucro deve ser também o resultado de um produto de boa qualidade e um serviço bem prestado. Nunca deve ser um objetivo “per si”, caso contrário, tudo vira custo, até seres humanos, funcionários bem treinados que ganham muito. Daí, ninguém sai lucrando.
* Dalton Viesti é coordenador de graduação da Trevisan Escola de Negócios.
E-mail: [email protected].