Teste de Integridade – uma das medidas Anticorrupção

O Ministério Público Federal, no último dia 20 de março de 2015, propôs como uma das medidas para prevenção e combate à corrupção, a aplicação de Testes de Integridade, destacando ainda no texto dessas medidas, disponíveis no site Combate à Corrupção do MPF: “O pressuposto desses testes não é a desconfiança em relação aos agentes públicos, mas sim a percepção de que todo agente público tem o dever de transparência e accountability, sendo natural o exame de sua atividade. A realização desses testes é incentivada pela Transparência Internacional e pela ONU.”.

A adequação dos comportamentos éticos dos profissionais nas organizações por meio da compreensão, identificação, mitigação, análise das consequências e prevenção das atitudes inadequadas é uma tarefa difícil, e ainda assim, necessária.

As organizações, sejam elas públicas ou privadas, necessitam cada vez mais buscar meios para analisar não apenas a capacidade técnica e intelectual dos seus candidatos, profissionais, terceiros e fornecedores, mas também a capacidade de discernimento, e mais, a capacidade de resistência a pressões situacionais quando diante de dilemas éticos que podem sofrer ao longo de suas atividades dentro das organizações, sendo Testes de Integridade uma das ferramentas cabíveis.

Testes de Integridade são aplicados nos Estados Unidos desde a década de 80, sendo que estudos realizados em cerca de 500.000 participantes revelaram que seu valor preditivo é equivalente a testes de personalidade, o que confirma a importância da avaliação do fator integridade nas organizações. Eles podem ser velados, ou seja, sem o conhecimento do `testado`, ou ainda transparente, com o conhecimento e consentimento da pessoa.

Todavia, conforme adverte o sociólogo Edgard Morin (2004), age com arrogância aquele que qualifica como “desonesto” os que contradizem seus conceitos morais, como se fossem capazes de “entrar na consciência” do outro, rotulando pessoas como se estivessem em condições de ser juízes da moral universal.

Assim, teste de Integridade devem ser aplicados com o objetivo de compreender a potencialidade de resiliência de profissionais quando se depararem com dilemas éticos no exercício de suas atividades profissionais e, com isso, apresentando soluções de desenvolvimento dessa resiliência, contribuindo com a mudança na forma de tratativa da dimensão humana do risco organizacional, não mais apenas em um modelo reativo, mas em um modelo de prevenção e promoção, baseado nas potencialidades e recursos que o ser humano tem em si mesmo e no contexto a que se encontra.

A ferramenta deve aferir as atitudes e opiniões dos respondentes tanto pela vertente cognitiva, a qual objetiva compreender o grau de conhecimento que o participante tem daquele assunto, como também pela vertente comportamental, tratando de ações passadas e/ou futuras diante de temas relevantes para as atividades laborais as quais enfrenta ou enfrentará.

Teste de Integridade é uma ferramenta de Compliance e estas contribuem para o enfrentamento da fraude e corrupção. Daí a importância das organizações investirem em um programa complexo de gestão da ética que possa compreender e mitigar ações inadequadas. Analisar a resiliência de integridade do indivíduo aponta que quanto maior a sua magnitude, menor a manifestação de comportamentos antiéticos no ambiente de trabalho.

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