Falta de qualificação profissional é principal entrave para avanço do ESG no mercado brasileiro

Levantamento realizado pela Trevisan Escola de Negócios revela principais desafios e oportunidades da área.

São Paulo, 18 de agosto de 2022 – Uma pesquisa realizada pela Trevisan Escola de Negócios neste mês de agosto com seus alunos de MBA trouxe luz sobre a percepção de executivos de ESG e outros profissionais de todo o país em relação às práticas da agenda ambiental, social e de governança nas organizações em que trabalham.

Quase 40% dos participantes da pesquisa são executivos de empresas, 26% deles em cargos de direção ou c-level (CEO, CFO etc.), e mais de 56% dos pesquisados já atuam profissionalmente em cargos relacionados à agenda ESG. Estão representados 23 estados e o Distrito Federal, sendo a maioria dos participantes da região Sudeste, com destaque também para a região Nordeste, com alunos de todos os estados e uma maior representatividade do Ceará.

Entre os dados mais relevantes, a pesquisa aponta que ainda há bastante espaço para o crescimento do trabalho relacionado às questões ESG nas empresas do país, e que o principal entrave é a falta de qualificação profissional.

As principais dificuldades estão ligadas à falta de conhecimento sobre metodologias ESG, apontada como problema por 40,5% dos participantes, e a escassez de pessoal capacitado (39,2%). Para Fernando Trevisan, CEO da escola, a pesquisa revela um mercado promissor para a área de ESG no Brasil, mas a qualificação profissional é fundamental.

 “A pesquisa mostra que o trabalho com a agenda ESG dentro das empresas está caminhando a passos largos e que há vagas disponíveis à espera de profissionais capacitados. Quem estiver qualificado vai consegui aproveitar as oportunidades e terá um mercado promissor para os próximos anos.”

Em relação à satisfação dos profissionais com a atuação das empresas nas questões de ESG, a pesquisa também mostra espaço para melhoria em diversos âmbitos, uma vez que a falta de recursos não é entrave para 87,8% dos entrevistados.

Resultados da pesquisa

A pesquisa da Trevisan Escola de Negócios foi realizada com a participação de alunos inscritos no MBA em ESG e Impact da escola, sob coordenação do Prof. Fabricio Soler e da Profa. Caroline Palermo. Em relação à área de formação acadêmica, a maioria (31,7%) vem da economia, em seguida estão as áreas de administração (17,1%) e ciências contábeis (7,3%).

Já sobre a atuação no mercado, a maioria é formada por executivos de empresas (37,8%), seguidos por autônomos e por empresários (13,4% cada). Dentre os executivos, a maioria (29%) é composta por analistas, seguidos pelos gerentes (25,8%), além de diretores e cargos c-level (12,9% cada). Destaque também para o número de alunos que se declararam desempregados, logo atrás com 9,8%.

Entre os pesquisados, pouco mais da metade (56,8%) já atua profissionalmente em área relacionada a ESG, e um número bem próximo (59,5%) declarou que a empresa em que atua tem uma área que trata das temáticas ESG. Já em relação à qualidade da atuação das empresas em ESG, a maioria considera boa (47,6%) e regular (20,3%), enquanto 9,5% considera péssima.

A maioria dos pesquisados (63,5%) aponta que a organização em que trabalha possui um código de conduta, mas 6,8% não soube responder esta pergunta. Em relação a treinamentos sobre impactos das questões sociais, ambientais e de governança, 45,9% respondeu não receber, 44,6% afirmou receber, e 9,5% não soube responder.

A pesquisa também perguntou sobre canais de denúncias para funcionários. Uma pequena maioria dos participantes (52,7%) afirmou haver tais canais nas empresas em que trabalham, enquanto 40,5% respondeu não haver, e 6,8% não soube responder.

A grande maioria dos pesquisados (93,2%) atua no setor privado, enquanto 4,1% atua em setores governamentais, e apenas 2,7% no terceiro setor. Entre os que atuam no setor privado, a maioria está nas indústrias de transformação e na categoria de serviços gerais (20,3% cada). Destaque também para os setores de agricultura e pecuária; construção; e eletricidade e gás, com 8,7% cada.

Em relação à faixa de renda, quase metade dos entrevistados (45,9%) declarou receber acima de R$ 10 mil por mês, enquanto apenas 1,4% declarou receber menos de R$ 2 mil.

O estudo questionou também as principais dificuldades para implementar a agenda ESG nas organizações. A falta de conhecimento sobre metodologias foi citada por 40,5% dos pesquisados, seguida pela falta de pessoal capacitado (39,2%). A falta de procedimentos (29,7%), de engajamento interno (29,7%), de conscientização (28,4%), de apoio da alta direção (27%) e de foco (25,7%) também são problemas bastante apontados. Vale destacar que a falta de recursos foi apontada por apenas 12,2% dos pesquisados, enquanto “nenhuma dificuldade” foi selecionada por 9,5%.

Perguntas mais detalhadas também foram feitas para aferir a satisfação dos participantes quanto a atuação das empresas em relação às pautas ESG. O item que gera mais satisfação é a preocupação com o ambiente de trabalho (69,7%), enquanto a maior insatisfação ficou com o grau de conhecimento sobre a atuação ESG dos fornecedores (38,4%) e o mapeamento e gerenciamento de riscos (25,6%).

Ainda de acordo com Fernando Trevisan, uma pergunta aberta feita aos alunos trouxe respostas interessantes.

“Perguntamos para os participantes por que a pauta ESG é importante no mercado de trabalho hoje, e as respostas foram as mais diversas. Muitos apontaram para a conscientização ambiental cada vez mais crescente, a necessidade de se adaptar para sobreviver, às oportunidades profissionais, e até para uma possível atualização do capitalismo para algo de fato sustentável a longo prazo.”

A pesquisa teve participação de 86 alunos, de um universo de 386 inscritos no MBA de ESG e Impact da Trevisan Escola de Negócios.

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