O mercado de fusões e aquisições (M&A) mantém sua relevância global como uma das principais avenidas para o crescimento estratégico de empresas. Mesmo em um cenário econômico desafiador, marcado por juros elevados, incertezas regulatórias e uma crescente demanda por práticas de sustentabilidade e governança (ESG), a due diligence emergiu como um pilar indispensável nas transações. Esse processo de investigação aprofundada não apenas ampliou seu escopo, mas também passou a exigir um novo perfil de profissional, mais preparado e multidisciplinar.
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No Brasil, os dados reforçam essa tendência. Segundo relatório da PwC Brasil, o país registrou 1.287 operações de M&A anunciadas em 2023, com destaque para setores estratégicos como tecnologia, saúde, agronegócio e energia. Em 2024, embora o volume total de transações demonstre uma recomposição gradual, o mercado se mostrou mais seletivo, priorizando negócios de maior valor estratégico.
A due diligence, ou diligência prévia, é uma etapa crucial que antecede a conclusão de qualquer operação de M&A. Trata-se de uma auditoria minuciosa que abrange desde aspectos financeiros, jurídicos e fiscais até questões trabalhistas, operacionais, regulatórias, ambientais e reputacionais da empresa-alvo. O objetivo primordial é garantir a segurança do investidor, identificar e mitigar riscos ocultos, validar projeções financeiras e, fundamentalmente, subsidiar a negociação – influenciando diretamente o valor do negócio, as cláusulas contratuais e a estrutura final da transação.
Entre os tipos mais comuns de due diligence estão a análise financeiro-contábil, que avalia a saúde econômica da empresa; a revisão jurídica e regulatória, focada em contratos, litígios e conformidade; a avaliação tributária, para identificar passivos e benefícios fiscais; a checagem trabalhista e previdenciária, que apura vínculos e passivos ocultos com colaboradores; a análise operacional, que examina a eficiência dos processos e da cadeia de suprimentos; e a tecnológica e cibernética, essencial para investigar a infraestrutura digital, segurança da informação e adequação à LGPD. Ganha cada vez mais destaque a due diligence ESG (Ambiental, Social e Governança), fator decisivo para negócios financiados por fundos institucionais que priorizam sustentabilidade e ética.
A importância da due diligence é globalmente reconhecida por grandes consultorias. Embora relatórios de gigantes como Deloitte e EY apontem o crescente peso da diligência prévia, especialmente na inclusão de critérios ESG, a verdade é que não há um consenso numérico sobre o percentual exato de executivos que expandiram seu escopo nesse sentido. Contudo, é inegável que a partir de 2023, a integração de fatores ambientais, sociais e reputacionais nas diligências se intensificou, particularmente em setores como energia, agronegócio e infraestrutura. A KPMG, por exemplo, revela que 71% das empresas ouvidas em seu relatório global de ESG Due Diligence perceberam um aumento na importância do tema no processo decisório nos últimos 18 meses.
Estudos da Deloitte reforçam que a qualidade da due diligence se tornou um dos principais fatores para o sucesso de uma transação. Em um ambiente de negócios cada vez mais ágil, impulsionado pelo uso de tecnologia e inteligência artificial na análise de dados e compliance, o tempo para as decisões encurtou, e, proporcionalmente, o risco de falhas aumentou. Nesse contexto, um processo de due diligence robusto e bem executado tornou-se sinônimo de vantagem competitiva.
Perfil profissional exigido pelo mercado de M&A
Atuar com due diligence hoje vai muito além do conhecimento técnico em contabilidade ou direito. O profissional da área precisa integrar diversas frentes: riscos, governança, tecnologia, ESG, compliance, negociação e mercado financeiro. Essa capacidade de enxergar o negócio sob múltiplas óticas e de comunicar riscos de forma clara aos stakeholders é o que distingue os especialistas aptos a assumir posições estratégicas em grandes operações de M&A.
As principais consultorias do mercado, como PwC, KPMG, EY, Bain e BCG, já posicionam a due diligence como um elemento fundamental no desenho de qualquer negócio. Profissionais que dominam ferramentas digitais de análise de dados, plataformas de data room e inteligência artificial estão mais preparados para operar em ritmo acelerado e com maior precisão, atendendo às demandas de um setor em constante evolução.
Diante desse cenário, a qualificação contínua é crucial. O mercado enfrenta uma alta demanda e, ao mesmo tempo, uma oferta ainda limitada de profissionais com formação específica e completa. A atuação em M&A exige atualização constante, domínio técnico, visão estratégica e uma sensibilidade aguçada para as dinâmicas do mercado.
Nesse contexto, programas de formação como o MBA em Private Equity, Venture Capital e M&A da Trevisan Escola de Negócios tornam-se essenciais. O curso, voltado para executivos, analistas e gestores, prepara líderes para operações de aquisição, investimento e expansão empresarial, abordando desde a estruturação de um deal e valuation até a due diligence, governança, integração pós-aquisição e gestão de riscos, com um corpo docente composto por profissionais atuantes no mercado financeiro e jurídico.
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