A contabilidade está passando por uma revolução silenciosa, impulsionada principalmente pela transformação digital, novas exigências regulatórias e mudanças no perfil do profissional contábil. Em um cenário cada vez mais orientado por dados e tecnologia, manter-se relevante exige mais do que conhecimento técnico tradicional, é preciso entender as novas ferramentas, interpretar informações complexas e assumir uma postura consultiva e estratégica.
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“A contabilidade, que por muito tempo foi vista como uma área operacional, hoje exige uma atuação muito mais estratégica e tecnológica, por isso é importante estar atento as inovações do mercado”, afirma Suzana Slonzon, professora da Trevisan Escola de Negócios.
Uma das principais tendências que moldam o futuro da contabilidade é a automação de processos. Segundo relatório da consultoria Gartner, até 2026, cerca de 30% das empresas terão automatizado mais da metade de suas operações internas, incluindo rotinas contábeis e fiscais. Isso inclui desde o lançamento de documentos até conciliações bancárias, reduzindo erros e liberando os profissionais para atividades mais analíticas e estratégicas. A inteligência artificial também ganha força em áreas como auditoria e gestão tributária, com softwares capazes de cruzar grandes volumes de dados e apontar inconsistências em tempo real.
“O uso da inteligência artificial nas atividades diárias não é mais uma expectativa futura, e sim do dia a dia, do hoje. Posso afirmar que quem ignorar essa mudança, com certeza, vai ficar para trás”, reforça Suzana.
Outra mudança relevante é a crescente importância da contabilidade consultiva. De acordo com a plataforma Contábeis, o contador do futuro deve ser cada vez menos um executor e mais um analista de dados e conselheiro de negócios. Essa transição exige habilidades em análise preditiva, business intelligence (BI) e interpretação de indicadores financeiros para apoiar a tomada de decisões dos gestores. A digitalização, nesse contexto, não reduz a importância do contador, mas sim transforma seu papel.
“O contador é peça-chave para a estratégia das empresas, como responsável por análises, aconselhamento e suporte direto à tomada de decisão, o que, na minha visão, com certeza eleva o valor do contador no mercado”, diz Suzana.
As exigências ambientais, sociais e de governança (ESG) também estão alterando a prática contábil. O relatório da KPMG Global ESG Academy revela que 81% das empresas do índice S&P 500 já reportam suas emissões de carbono nos chamados Escopos 1 e 2, e mais de 60% se preparam para incluir o Escopo 3 — referente à cadeia de valor. Com isso, cresce a demanda por profissionais capacitados para integrar dados financeiros e não financeiros, estruturar relatórios integrados e garantir a conformidade com padrões internacionais como o IFRS Sustainability Disclosure Standards.
Além disso, o uso de blockchain e tecnologias descentralizadas vem ganhando espaço como solução para garantir transparência e integridade nas informações contábeis. Plataformas baseadas em blockchain podem registrar transações de forma imutável, o que reduz fraudes e facilita auditorias. Paralelamente, a adoção de sistemas em nuvem está permitindo maior mobilidade, integração entre setores e trabalho remoto, embora exija atenção especial à segurança da informação e conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Essas transformações evidenciam uma verdade incontestável: o contador que não acompanhar essas mudanças corre o risco de se tornar obsoleto. Estudo da Deloitte publicado pelo Wall Street Journal em 2024 mostra que apenas 37% dos departamentos fiscais usam ferramentas tecnológicas para monitorar mudanças regulatórias, e 24% planejam implementar ERPs especializados em até um ano. A mesma pesquisa aponta que os profissionais que dominam tecnologias digitais têm maiores chances de ascensão e diferenciação no mercado.
“Podemos analisar também que essa transformação é um desafio, principalmente para os profissionais que atuam há bastante tempo no mercado e podem não ter tanta facilidade com as novas tecnologias, profissionais que ainda estejam focados mais na execução das tarefas do que na parte gerencial e estratégica”, observa Suzana.
“Vemos que o mercado contábil está se polarizando: de um lado, profissionais que se atualizam e se tornam cada vez mais indispensáveis; do outro, aqueles que resistem às mudanças e correm o sério risco de se tornarem irrelevantes”, complementou a especialista.
A boa notícia é que a formação adequada pode preparar o profissional para esse novo cenário. O MBA em Gestão Contábil e Inovação Digital da Trevisan Escola de Negócios foi desenvolvido justamente para atender essa demanda. Com foco em inovação, estratégia e tecnologia, o curso oferece uma formação completa para quem deseja atuar na linha de frente da contabilidade digital. O programa contempla disciplinas sobre automação, inteligência artificial, ESG, blockchain e contabilidade consultiva, além de proporcionar uma vivência prática com ferramentas utilizadas no mercado.
“E, diante desse cenário, se especializar é o caminho, sem dúvidas, para quem quer se manter competitivo, afinal o profissional precisa ampliar suas competências e se destacar em um ambiente de negócios cada vez mais exigente e dinâmico”, conclui Suzana.
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