Controles internos e conduta profissional, conflitos e interesses

Acho muito interessante quando sou questionado sobre a eficácia dos controles internos nas organizações, pois sempre que uma falha acontece todos os gestores questionam sobre a eficiência e eficácia dos controles internos, contábeis, compliance, gestão de riscos e até mesmo das auditorias, mas onde esta a falha?

Um bom sistema de controles internos esta baseado nas normas/politicas, procedimentos, sistemas e pessoas, e não quero generalizar, mas em certos casos as pessoas negligenciam as normas, desprezam os procedimentos e burlam o sistema, desculpem a todos, mas a conduta profissional deveria ser a base de toda gestão operacional.

Não sou pessimista, mas tento ser um pouco realista, pois acredito que a gestão de controles internos, compliance e risco podem ser melhorados e aprimorados, mas dependem muito da vontade e justamente da tão falada “apetite” de riscos dos administradores, gestores e lideres das organizações, mas como fazer, eis a questão.

De nada adianta, realizar mapeamento de processos, identificar necessidades de normas e procedimentos, manuais, segurança da informação, elaborar matrizes de riscos operacionais, avaliar a necessidade de planos de contingência e de continuidade, politicas de limites operacionais, processo de avaliação, análise e liberação crédito, sem antes entender o negócio e obter a conscientização e apoio da alta administração, parece brincadeira, mas todos nós já sabemos disso, entretanto…

Acredito que podemos mudar através de um choque de gestão, afinal muitas regras são implementadas e parece que as exceções e as burlas nas regras vêm anexas ao processo, desculpem o sarcasmo, mas muitos dos problemas gerados são ocasionados por nós mesmos, profissionais das organizações, portanto conduta ética e profissional tem limites? Acredito que não, mas quantos problemas gerados nas organizações acontecem desta forma? Mas o que é ética para um, nem sempre é a mesma para outros.

A cada dia os órgãos reguladores solicitam mais e mais controles e não tem recursos suficientes para a supervisão, e como solucionar isso? Justamente com a implementação de modelos de gestão de controles e compliance nas organizações, e infelizmente neste país a impunidade ainda é superior aos números de prisões realizadas por gestão fraudulenta, crimes contra o sistema financeiro, fraudes contábeis, sonegação fiscal, pirâmides financeiras entre outros.

Podemos citar alguns exemplos de que o crime não compensa em outros países, como os gestores da Enron, o CFO Andrew Fastow, o CEO Jeff Skilling e Ken Lay foram ambos indiciados em 2004 por suas participações da fraude, temos o Bernard John “Bernie” Ebbers foi preso por fraude, conspiração e emissão de documentos falsos na Worldcom, o esquema de pirâmide financeira do fundo do Bernard Madoff são casos de empresários que foram e continuam presos por ausência de conduta ética e profissional.

Portanto acredito que devemos buscar melhorias através das regras e das sanções, pois a avaliação de conduta e ética ainda esta sob o conflito de interesses das pessoas que tem como reponsabilidade a gestão de algumas corporações, muita coisa esta mudando, é verdade, mas ainda existem pessoas com interesses e necessidade “diferenciadas” nos processo, #pensenisso.

* Marcos Assi é consultor da MASSI Consultoria, professor de MBA de Gestão de Riscos e Compliance na Trevisan Escola de Negócios, entre outras universidades, autor dos livros “Controles Internos e Cultura Organizacional – como consolidar a confiança na gestão dos negócios” e “Gestão de Riscos com Controles Internos – Ferramentas, certificações e métodos para garantir a eficiência dos negócios” pela (Saint Paul Editora).

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