Educação e trabalho – A busca do equilíbrio

A busca do equilíbrio na relação educação e trabalho têm aparecido nas notícias como relatos de experiências profissionais que os alunos precisam para ingressar no mercado profissional. A recente divulgação do índice de reprovação recorde no exame da OAB apresentados na ultima edição da prova, apontam uma crise no curso de Direito, já que a aprovação no exame é requisito obrigatório para que o bacharel em direito possa ingressar nos quadros da advocacia.
Segundo notícias do portal G1 “ A formação dos advogados está em discussão. A abertura de novos cursos está suspensa e o debate agora é sobre a qualidade do estágio. Uma das propostas que serão estudadas é a implantação de estágio obrigatório nos últimos anos do curso, mas a dúvida é como oferecer estágio de qualidade para tantos alunos.”
O estágio já é componente curricular obrigatório de todos os cursos de formação profissional, desde o nível do ensino médio, nos cursos profissionalizantes, até nos cursos de ensino superior como os tecnólogos e bacharéis.
Vamos ao ponto do estágio: Qual é o objetivo? Porque o ministro insiste na obrigatoriedade desse componente , já obrigatório, para os concluintes de Direito? O que o exame da OAB está explicitando?
Essa análise requer um olhar mais amplo sobre os cursos de formação que são oferecidos atualmente nas universidades brasileiras. O aumento de cursos e a facilidade de acesso ao nível superior, tem colocado no mercado de trabalho muitos jovens, diplomados, mas sem a necessária “vivência” na área, isso porque, muitos jovens tem combinado a formação superior com o trabalho que já tem atualmente e dificilmente abrem mão do salário para optar por uma vaga de estágio, com remuneração menor e menos segurança. Caso relatado de uma jovem profissional que atua na área de secretaria de uma instituição de ensino há mais de 6 anos. Ela ingressou em um curso tecnólogo de Gestão de Recursos Humanos, com a expectativa de aprender uma nova área e ter uma oportunidade. Durante o curso, até teve a possibilidade de encarar um estágio, mas o salário era duas vezes menor, não dava para encarar. Enfim, formou-se mas não pode atuar na área e agora amarga a lembrança de não ter agarrado a oportunidade, ou por medo do risco ou por pura falta de opção financeira.
Qual é o papel do estágio? Dar ao aluno a oportunidade de viver na prática os conceitos teóricos que estão sendo discutidos em sala de aula.
Para os futuros advogados, me parece fundamental essa experiência, já que para alguns especialistas, não basta apenas fazer um estágio, é preciso estagiar com qualidade, ter vivências enriquecedoras e isso servirá de base para um resultado mais eficiente na realização do Exame. O que hoje o resultado da OAB representa é um nível de formação muito distante da realidade. Ninguém sai pronto do curso universitário, a formação será alcançada ao longo da jornada e das experiências profissionais.
Se tivéssemos em todas as áreas de formação, exames estipulados e obrigatórios para o exercício da profissão, creio que essa discussão seria muito mais relevante.
A busca pelo equilíbrio entre a formação e o acesso ao mercado de trabalho, reside na discussão dos parâmetros curriculares oferecidos pelos cursos atualmente e as experiências vividas ao longo do curso pelos alunos e futuros profissionais.
Atender essas necessidades, experiências profissionais e conteúdos programáticos, se torna o maior desafio das instituições de ensino.